Emerson Fraga
. O “Mito da liberdade de imprensa no capitalismo”, escrito pelo professor Hélio Doyle, foi um dos textos que li recentemente no curso de Introdução à Comunicação. Senti-me, então, obrigado a falar um pouco sobre o assunto, tão envolto por uma atmosfera imaginária cor-de-rosa. Minha intenção é salvar algumas almas da sonsa mentira que se prega sobre a imprensa “livre”. Um belo cristão eu, não?!
. Pois bem, a lenda dos bancos de escola atribui ao noticiário um caráter exclusivamente social. O jornalismo, como se idealiza, trabalharia para pairar acima do capital e das discórdias por interesse. Essa função seria amparada por uma utópica e saltitante liberdade. Nela, os profissionais de um veículo, por exemplo, para informar à população, poderiam ir até contra interesses dos donos. No mundo real, porém, esse fabuloso caráter social, ao entrar em conflito com propósitos particulares, “geralmente” perde.
. O problema maior é a desinformação, inclusive pretendida, quanto à incoerência entre a imprensa real e a idealizada. Quando se acredita que um jornal escreva de um modo livre e, por isso, imparcial e apenas socialmente comprometido, toma-se o lido como verdade e ignora-se o fato de que a notícia é uma mercadoria no capitalismo. Essa alienação pela fonte informativa é um dos fatores básicos da manipulação à qual a imprensa se propõe para atender a interesses privados. A maioria dos veículos, seja de pequeno ou grande porte, como a “Revista Veja”, a “Folha de S. Paulo” e a “TV Globo”, estão comprometidos com a transmissão de suas “verdades” ao leitor, “verdades” essas moldadas, evidentemente, pelos interesses que os cercam. Eles são, na máquina capitalista, encarregados de atender aos propósitos de seus donos e de quem lhes seja conveniente.
. Há, certamente, quem lute contra essa realidade a cada edição dessas publicações. Quem ainda guarde uma visão romantizada e que acredite numa mais ampla e efetiva liberdade de imprensa e até mesmo de expressão. Felizmente existem esses, os que relutam em ceder a pressões para escrever agrados ao presidente, ao papa ou à coca-cola. São idealistas que servem de presa fácil ao disfarçado sistema, mas que não se rendem de imediato. Não é possível a eles, infortunadamente, reverter sozinhos esse quadro tão complexamente engendrado de influência de pensamento. No final, é o leitor que acaba, sem saber, lançado a toda essa rede de manipulação.
. Somos todos enganados pela besta capitalista! Que lástima, vamos nos matar?! Não, nada disso. Resta aos bons filhos e não-filhos de Cristo a leitura mais crítica dos meios de comunicação, tão presentes e ativos no cotidiano. É preciso praticar a desmistificação da tão falada “liberdade de imprensa”, que existe somente em tese. Ela é uma utopia usada contra os utópicos – como de praxe. Pare, portanto, com o olhar inocente sobre as páginas de jornal. Elas nem chegam perto de serem livres. Estão sujeitas às amarras do Estado e das demais empresas que investem em publicidade ou as sustentam moralmente, como a Igreja . Use a arte de interpretar e de abstrair a seu favor. Saia do cubo de falsas liberdades e falsos dogmas da notícia construindo uma visão realista da imprensa que o cerca. Ao esperto leitor restam duas alternativas: orar para que ela se liberte de todas as amarras ou empenhar-se para emancipar sua visão crítica.
Escrito por Wemerson Fraga
* Artigo de opinião originalmente publicado na 85ª edição do Jornal Mercadão, de Maio de 2009, em Inhumas-GO.
domingo, 3 de maio de 2009
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12 comentários:
Ainda assim, precisamos ser quem encabeça uma reação. Caímos na ignorância de tomar senso de realismo por amadurecimento e, muitas vezes, nos rendemos à filosofia e à lógica do mercado desde o 1º semestre do ensino superior. É desprezível ser tão desacreditado logo no início da caminhada. Ainda que o futuro, irrevogavelmente, seja esse de se entregar sem culpa para o "é assim mesmo e nada vai mudar", tenho orgulho de bater no peito e me sentir agente de mudança: quero, sim, transformar!
Nada mais complementar ao sonho do que acreditar que todos também sigam sendo assim.
Parabéns pelo texto, Charlley. Você é destes.
um abraço.
Realismo,na minha opinião e nesse caso,é preguiça.Do mesmo jeito que,pra mim,falar que toda a mídia é incapaz de passar a verdade "crua" é um exagero.
Há "verdade crua"? Não creio nesse conceito.
Não acredito em imparcialidade na imprensa, mas queria acreditar. =/
Eu não acredito na imparcialidade total, mas acredito na busca constante por ela.
claro, a busca pela a iumparcialidade nunca deve ser abandonada! (=
*imparcialidade
eu não aguento mais esse assunto. pior q vai ele vai ser discutido ateh o final do curso...
"São idealistas que servem de presa fácil ao disfarçado sistema, mas que não se rendem de imediato. Não é possível a eles, infortunadamente, reverter sozinhos esse quadro tão complexamente engendrado de influência de pensamento."
Essa visão romântica do editor revolucionário que diz a verdade e crítica os maquiavélicos da mídia tradicional me perturba.
Por que as suas verdades e opiniões são informação inocente e não manipuladora, e as verdades dos grandes editores são?
Essa idealização de um jornalismo 'limpo' esbarra a cada segundo no fato de que não há mensagem na comunicação livre dos moldes do seu emissor. Crie o jornal da revolução, e se ele se popularizar, tornar-se-á um formador de opinião assim como todos os citados.
Concordo com você, devemos todos ser mais críticos na leitura de tais meios, e essa é a única e absolutamente única solução para a problemática da influência de pensamento.
Acho que até o fim da vida, Gabi!
Não dá pra ser totalmente imparcial, mesmo que de forma sutil ou sem intenção vc acaba colocando a sua opinião. E só o fato de vc estar colocando uma opinião sua pra um grande número de pessoas lerem, vc já está, de certa forma, manipulando.
O jornalismo do nosso país é sustentado pela publicidade. Enquanto isso continuar sendo uma verdade, penso que teremos que continuar depositando nossos esforços em mídias alternativas e fazendo mais pelo mundo de maneira prática, quero dizer, indo lá e sujando as mão de terra mesmo, do que acreditar que nossas linhas numa folha de papel servirão para algo além de toalete de cahorro.
Esse dia vai chegar, mas ele ainda não é hoje.
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