segunda-feira, 8 de junho de 2009

O Mito do Kitsch

Abra a Veja. La consta uma matéria de duas páginas classificando o exercício do violinista Joshua Bell e as obras de Andrea Bocelli de kitsch. A matéria é concluída da seguinta maneira: "Neles (os discos), o ouvinte pode ser malandramente enganado." Culpa da Veja? Pra você que gosta de academicismo então, direto do túnel da Cultura Brasileira, Éclea Bosi vomita incontáveis páginas no esforço de repudiar o kitsch. "Cultura de Massa e Cultura Popular" - Recomendo como leitura de banheiro, única e exclusivamente.
Qual o problema com o kitsch? Tem papel higiênico pregado no sapato dele? Um alface no dente? O pobre kitsch anda estigmatizado. Associado com cultura brega, midcult safado entre outros palavrões, é sinônimo de ser intelectual falar mal. Esse é um sintoma muito triste.
Cultura de baixa qualidade está estampada no nosso rosto, do erudito ao popular. O kitsch de baixa qualidade existe, caso contrário, as cortinas da sua avó se sentiriam perdidas. Falham em perceber, contudo, que a cultura erudita pode não causar emoção nenhuma além de puro tédio em um cidadão, mas que o nosso desmerecido kitsch pode arrebatá-lo e o fazer se sentir único daquela forma que só a melhor das obras pode fazer.
Joshua Bell ganhou um Grammy. Bach foi levado à segunda premiação mais assistida do mundo, aplaudido por 7 milhões de pessoas. A crítica constante ao kitsch é um sintoma de que a intelectualidade vive cercada do dogma dos intocáveis, do zelo pela cultura erudita. O meio que fala tanto de mundo se isolou dele e agora prefere ser cercado apenas por ele mesmo.
Cultura de qualidade é causar emoção, é causar resposta e despertar o interesse sincero. Comunicólogos, resistam. Sejam a lembrança constante de que público alvo nunca pode ser esquecido e é ele quem deve julgar o que é bom e o que é ruim. Não se percam no mito do Kitsch. Apropriar o erudito e transformá-lo para outro público não é crime, é arte, e pode ser do mais alto nível.

domingo, 24 de maio de 2009

Resposta da Xuxa ao José Serra

Quem estava na última aula de Leitura, sabe que tivemos a presença da jornalista Renata Giraldi.
Ela comentou sobre um acontecimento entre a Xuxa e o José Serra, e eu resolvi procurar no youtube. Tá aí pra quem quiser ver...



Beijos.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

segunda-feira, 18 de maio de 2009

No clima

No climinha de contos aqui, vou colocar minha contribuição! É grandinho, mas eu gosto. ^^

Promessas são falhas. Afinal, são feitas por humanos e portanto, falhos. Assim ia crescendo minha raiva ao pensar como um ser humano pode se permitir falhar de tal maneira com outro. Eu não mereço. E, pra ser sincera,não desejo isso a ninguém. Não sei quem fez pior...ele, de me prometer as estrelas, ou eu, que acreditei, para no dia seguinte, ele me aparecer com um telescópio! ‘olha amor, te fiz um telescópio’. Ora, grande coisa!Ainda mais se tivesse comprado.. E eu quero a maldita estrela. Assim como acreditei no dia que ele disse que me traria o oceano, e apareceu só com uma concha, que ele catou no fundo do mar. Grande idiota,podia ter sido atacado por um tubarão. Homens são assim mesmo, fúteis.Os dias vão passando, e cada vez que eu olho pela janela imagino que, se eu pular, eu não morro, quebrarei algumas costelas no máximo. Ser depressivo morando no primeiro andar não tem a menor graça. Ser depressivo só tem graça se alguém pode te ver do outro lado da tv...tais exageros não são permitidos na vida real. Nem quando a ansiedade está prestes a te dominar. Como vou contar pra ele? Como? Isso nem parece que está acontecendo comigo, sabe. Todos os dias ele me dá ‘bomdiateamo’ e, à noite, ‘boanoiteteamomaisquehojedemanhã’. Que graça tem? Aposto como ele ensaia isso em frente ao espelho..e pra que? Ele me promete um jardim, e me traz apenas uma rosa,todos os dias.Que diabos eu vou fazer com uma rosa? Nem dá pra comer ou passar no cabelo. Puuutzz, esqueci a água fervendo!! Fogão maldito, é o terceiro que ele me dá nesse mês! Tudo isso por que eu nunca estou satisfeita com a cor, sabe... sempre tem um mais bonito em promoção!Por que vou resistir? Quando ele me olha com aqueles olhos azuis encantadores.. eu sempre lembro que ele ainda não construiu a piscina no quintal. Eu quero tanto uma piscina no quintal! Quando olho para seus lindos cabelos loiros.. lembro daquelas jóias que ele me prometeu! Sabe onde estão? Me esperando na joalheria. A lojista não tem culpa se ele vender o carro não é suficiente para comprar aquele anel. Ele me prometeu o anel!! AQUELE anel...os outros cinco que ele me deu não vão substituir AQUELE anel. Ahh, eu preciso contar pra ele! Mesmo que eu esteja só de pijamas e totalmente descabelada. E com a perna peluda.. odeio depilar. A qual é? Eu não preciso estar sempre linda, preciso?Uma vez por mês já está de bom tamanho.Beleza é pra modelos. Mesmo por que eu preparei um delicioso jantar pra ele! Sanduíche de pasta de amendoim. Eu odeio cozinhar sabe, mas o que uma mulher não faz para agradar o marido? A porta abre. Ele chega.
- Amor..Você está linda!
- Boa noite.
- Você fez meu jantar? Deve estar fabuloso!!
- Taí. Qualquer coisa esquenta no microondas.
- Sem problemas minha linda, minha flor.. A propósito..hoje eu vi um vestido lindo na vitrine da Dolce et Gabanna. Não é muito caro, mas acho que você talvez goste.
- Que seja. Vou dormir, estou morta. Amanhã precisamos conversar.
- Claro meu bem, estou sempre pronto a te ouvir! Durma com os anjos.
Dolce et Gabanna... Dolce et Gabanna... espero que seja caro. Homem só dá valor quando dói no bolso.E nem adianta sorrir com cara de pastel pra mim. Seus dentes brancos me fazem lembrar aquelas pérolas que ele me prometeu trazer do mar.. e me apareceu com uma única pérola. Negra. ELE diz que combina com minha pele. EU não acho. Eu não sou de dar valor a qualquer rostinho bonito, sabe. Até hoje não sei por que casei com ele. Casamento não deixa de ser uma promessa, não é? A gente promete amar.. respeitar.. e o que mesmo? Não lembro. Ganhei tantos presentes lindos naquele dia. Mas isso não importa...Ele me prometeu o mundo. Mas até agora, o mais próximo que eu cheguei do mundo foi o atlas que tem no escritório dele. Está num cantinho lá, em meio as minhas fotos. Tem um monte de fotos minhas lá. Que raio ele precisa tanto olhar pra minha cara? Agora tenho de me concentrar. Amanhã é o dia.
Durmo. Acordo. Vou tomar café. Chego na cozinha, o café está pronto. Ele está me esperando, que grande burro, sabe que vai se atrasar pro trabalho. Enfim, o que é uma gota d’água pra quem já está molhado, não é mesmo? Vou contá-lo agora.
- Bom dia amor! Acordou cedo. Fiz o mamão do jeito que você gosta.
- Tenho que conversar com você.
- Diga. O que houve? Está chateada? Posso te fazer uma massagem se quiser...
- Não é isso. Está tudo errado.
- o que está errado?
- eu não te amo.
- mas eu te amo.Sei que não é o bastante, mas posso me esforçar mais...
- mas eu não te amo.Ponto. Isso não pode continuar assim.
- Foi alguma coisa que eu fiz??
- Foi. TUDO. Tudo o que você fez. Você me prometeu o mundo! E cadê ele?
- Como?
- Eu prometi te amar respeitar, saúde, doença, alegria.. essas coisas. O padre que disse.Eu disse sim, coloquei aliança e pronto. Eu prometi. Agora eu quero o mundo. E quero-o agora!
- Então vá embora. Não há mais nada que eu possa te dar.
- não vai cumprir sua promessa?
- Vá. Me esqueça. Já tem o mundo. É todo seu.
A porta abre, e ela vai embora. Nunca mais ouvi falar dela. A casa ficou vazia, a TV ficou muda, , os armários ficaram vazios, as caixas, as paredes. Eu falhei em algo, tenho certeza. Nem vou mencionar o quanto eu fiquei vazio, é uma enorme lamentação sem tamanho. Talvez não lhe desse tantas provas ..embora eu soubesse que presente nenhum, ou palavra nenhuma poderiam descrever o tamanho do meu amor, eu continuava procurando, e vou continuar procurando. Não gosto do modo como as pessoas vêem o amor .. tudo tão material, sabe. Talvez ela não visse assim, talvez nunca tivesse realmente me amado.. obviamente eu sabia disso.. mas amor não precisa de duas pessoas. Só de uma. Nem uma pessoa inteira mesmo, só um pedacinho, pequeno, mas muito significativo.Eu a queria tanto, que tinha que lhe dar algo! Eu dava promessas. Eu prometia, e continuava prometendo, pois era a única maneira de dar-lhe algo para esperar, para desejar. Desejar-me não era suficiente. Ela queria tudo,todo o mundo, e eu o prometi! Que mais eu poderia fazer? Mesmo por que eu cumpri todas as minhas promessas. Principalmente a promessa relativa a lhe dar o mundo. Ah, eu cumpri sim. Promessa é dívida. E foi paga todos os dias. Eu dei pra ela o meu mundo. O meu mundo todo.

domingo, 17 de maio de 2009

Estou aqui olhando você respirar pela última vez. Deitado ao seu lado, nesse chão de tábuas corridas. Posso ver o vapor da sua respiração sair pela última vez de seus pulmões e tomar uma cor esbranquiçada fora da sua boca, em contato com o frio que faz aqui fora. Frio esse, não muito diferente do que tem aí dentro agora. Eu com um cigarro nos lábios, um copo de vodka no chão ao seu lado. Coço a cabeça com minha mão direita, apoiando o cotovelo no chão. Vejo a morte em seus olhos, que, nessa fraca iluminação vinda das luzes de neon da rua, estão parecendo negros. Seu sangue venoso ainda escorre, empapando minhas roupas e meu copo.
Outra tragada; Ainda não me bateu a certeza de que está mesmo morta. Mas sei bem porque tirei sua vida. Relembro como fiz. Mas ah, difícil encontrar um prazer maior do que esse momento pós-adrenalina de uma morte queimando na ponta do meu cigarro e ardendo em meu estômago dissolvido em vodka.


Eu a amava. Foi o sentimento que mais me fez acreditar em amor. Foram os meses mais felizes da minha vida. Eu nutria um ciúmes saudável. Seus olhos azuis, seus cabelos de caracóis escuros, seu corpo esbelto causavam inveja e desejos. Não tinha problemas com traições, eu não me importava com isso. Sabia que ela me amava.
Só por esses adjetivos ela parece bonita, eu sei, mas não era pra tanto. Mesmo assim eu me interessava mais pelas respostas que ela me dava do que só pelo corpo. Algo perfeito demais, uma combinação que me causava terríveis noites em claro pensando sobre isso. Eu não podia conviver com a idéia de que ela era a pessoa perfeita pra mim. Eu estava sempre procurando alguma coisa; Claro que ela tinha defeitos, mas eram tão pitorescos, tão deliciosamente colocados ali em meio às suas qualidades que eram, de certo modo, irretocáveis. Eu amava todas suas feições, todas as suas respostas ácidas ou doces. Amava cada mínimo detalhe, não poderia me desfazer de nenhum deles, e me matava de questionar se eu também era assim pra ela. Procurei nela qualquer brecha, revirei minha mente, tentei me mudar e nada do tipo funcionou. Meu amor, nosso amor, era algo completo e complexo. Era um amor moderno, não como aqueles dos romances antigos que as pessoas eram boas, sem defeitos, como se fossem santas. Ou aqueles em que as partes eram más, mas tinham o amor para compensar. Como se amar fosse bom ou ruim, como se existissem mesmo pessoas boas ou más. São só pessoas, e o amor é só mais um sentimento. Forte como qualquer outro.

Mas eu não me contentava com essa perfeição. Algo havia de estar errado, ao menos na minha cabeça. Eu me enchia de teorias de conspiração. Não havia combinação melhor para mim no mundo todo. Para ela, eu não poderia saber. Mesmo que eu a entenda, eu não podia ler seus pensamentos. Isso me matava por dentro. Ela dizia que eu era o homem da vida dela, mas as mulheres não sabem distinguir essas coisas. Ela nunca poderia saber com toda a certeza, quanto mais eu. E ela é um ser humano, mente. Eu nunca poderia acreditar nas palavras dela. Aliás, ninguém nunca pode acreditar de fato nas palavras de ninguém. Mas agente cria laços e acaba confiando nas pessoas. Mas eu já não tinha essa confianaça. Com o tempo, passei a duvidar de algumas coisas que ela dizia. Logo eu já não acreditava mais em nada que saísse da boca dela. Eu era cauteloso, eu tratava o que ela me dizia como verdades, mas não parava de procurar motivos para que ela estivesse mentindo ou omitindo algo. A dúvida é uma dor pior que a certeza. Corrói e te faz crer em qualquer coisa. Ah, me perdoem as outras pessoas, mas quem nunca sentiu isso não saberá do que estou falando. Sua imaginação melindrosa te corroendo por dentro. E você não crê mais na verdade que está diante dos seus olhos. Mas ela não pára por aí, ela volta no tempo e te faz reviver todos os piores momentos que tivera, momentos que fugiram da memória voltam à tona, e então me mostra o que pode ter acontecido enquanto estávamos separados. Contudo, a pior parte é quando essa máquina me leva pro futuro e começo a ver tudo acabando. Existe um leque de coisas que podem ter ocorrido, embora limitado pelo tempo de relacionamento. As que ainda podem acontecer, são incontáveis combinações, por tantos e tantos anos à frente, que te levam ao colapso. No fim você se vê obrigado a encerrar com isso ou ficará preso na máquina do tempo da loucura galopante.

Foi isso que eu fiz, cortei o mal pela raiz.

sábado, 16 de maio de 2009

Monólogo:O que eu mudaria no mundo?

Laura sai do banho, uma toalha enrolada na cabeça e outra no corpo. Entra no quarto, abre a porta do armário, encara aquela bagunça e pensa:
“Com que roupa eu vou? Não quero levar casaco pra chegar lá, sentir calor e ter que ficar carregando. Não dá pra ir de saia ou vestido. Só piriguete não sente frio. To inchada, gordinha seria um exagero, acho que vou de preto. Muito básico? Talvez um lenço dê um up. Mas é tão modinha. Com certeza a Ju, a Gabi, a Fê e a Carol vão usar um. Aquela blusa azul-marinha cairia bem, mas já usei no aniversário do Leo. Se, pelo menos, fosse o pessoal da faculdade e não da escola... Queria usar a bota nova, mas ela não combina com nada, talvez com a batinha, aliás, bata está tão fora e moda. E se todo mundo fosse nu? Tudo azul! Ninguém iria me julgar e eu não me atrasaria. Não teria que pensar ainda a caminho de casa que roupa usar, pra descobrir, na hora de me vestir, que só perdi meu tempo. Ninguém se importaria com marca; Milão e Paris não seriam mais capitais mundiais da moda e Chanel, Balenciaga, Christian Dior, Mario e Martino Prada, Louis Vuitton, Yves Laurent e Gucci dificilmente teriam sido ricos e famosos. A rádio não anunciaria toda manhã que cor cada signo usar. Eu estaria menos pobre, as vitrines seriam poucas e eu não gastaria tanto tempo andando no shopping. Ah, a liberdade! Minha bunda ficaria resfriada, conheceria o corpo de cada um e nenhuma surpresa causaria estranhamento ou constrangimento. Tudo na vida é questão de costume, não? O pudor não existiria, nem as aulas de anatomia. Só assim pra Playboy ser realmente comprada e “lida” pelas suas matérias. As mulheres reparariam mais e comentariam menos no corpo das outras e de cumprimento bastaria um aperto de mão. Nasci assim, mas 5 minutos depois o mundo mudou minha natureza e me vestiu roupas. Nem todos possuem meu senso de praticidade, fazer o que? Por falar nisso, vou deixar minhas dúvidas de lado e ser prática; nem queria ir nessa festa mesmo. Estou sozinha e a Blockbuster é logo ali: vou assistir a um bom filme, debaixo da minha quente coberta e pôr meus sonhos em prática: Viva o nu! "

E você?Toparia um todo mundo nu?
E,se pudesse,mudaria o que pra tornar nossas vidas mais simples?

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Cuidado, você pode estar acomodado

Políticos que guardam dólar na cueca, que são donos de mansões milionárias e até castelos, que dão passagens aéreas para os mais chegados, que compram vacas de meio milhão de reais, que não ligam para a opinião pública, que recebem um dinheirinho extra com esquemas, que contratam parentes pra serem funcionários do Estado e que sempre arranjam um jeito suspeito para se safar dos problemas não te assustam mais?
Na hora do jornal, quando começam as notícias de corrupção você troca de canal?
Você pula as páginas das revistas e jornais quando o tema é a depravação do sistema político?
Cuidado, você pode estar acomodado.

A juventude, segundo dizem, deveria ser a força motriz dos movimentos populares. No entanto, não só os jovens vêem os problemas. Os adultos que tiveram maior experiência deveriam ser os mais revoltados pela lógica da coisa, mas não são. Resta aos jovens mesmo a chance de tentar mudar as situações. Há uma grande nolstagia em relação ao tempo em que o movimento estudantil era forte, ao movimento hippie e aos jovens que lutaram por seus ideais. Naquela época as coisas eram bem piores: ainda tinha censura, tortura e repressão bem maior, mas isso não desestimulou os militantes; pelo contrário, foi isso que os fortaleceu. Será que o fato de que ‘o que é proibido é mais gostoso’ também se aplica aqui? Quando a proibição era enorme, mais gente lutou e morreu em prol de suas causas. Agora que existe mais civilidade e nenhuma conseqüência séria por lutar, pouquíssimos o fazem apesar da disparidade do número das causas válidas que existem (que é muito grande). Por quê? Pode ser por preguiça ou indiferença ou pode ser que a conjuntura atual esteja tão perfeita que não há motivos para afrontar. Difícil ser a última opção. A questão é que os movimentos foram desacreditados e o espírito de revolução adormecido.

As pessoas dizem que é porque são apolíticas ou que querem cuidar de suas vidas sem ligar para a política. Não existe essa história de apolítico. Como disse João Ubaldo Ribeiro, um indivíduo que se diz apolítico é, na verdade, político conservador (e acha que não há necessidade de mudanças) e na maioria das vezes não tem consciência de sua função política ou é comodista ou está com a vista curta. Quase mais ninguém protesta hoje em dia: se o preço da carne subiu sem motivo e o seu salário continuou o mesmo, você não reclama, não importa que não seja justo, você pode viver sem se importar; se alguém fuma infectando o ar ao seu redor, você nem questiona, você pode viver sem se importar; se o dinheiro arrecadado por uma festa feita por um grupo, simplesmente, foi enfiado num lugar desconhecido, você continua imóvel, você pode viver sem se importar; quando um político desfalca os impostos que você pagou, você não faz nada, você pode viver sem se importar. É possível viver sem se importar e o pior, é possível se acostumar.

É preciso saber a razão pela qual as pessoas não se importam. Acontece que a corrupção, os problemas graves e as situações chatas não são interessantes. É possível viver normalmente sem nem pensar nisso, é só esquecer, tem tanto assunto mais legal por aí. É possível viver sem notícias de fofoca também, mas aí você ficaria por fora nas rodinhas sociais e, claro, é legal saber que celebridades também têm defeitos e que são gente sem deixar de viver no ‘glamour’; bom, é por isso que devem fazer sucesso.
A razão de tanta falta de ação e passividade? O ser humano é egoísta, egocêntrico e preguiçoso. Só quando algo o afeta individualmente, especificadamente e diretamente ele sente vontade de agir. Lutar por uma causa coletiva não costuma ser motivador.

Como mudar o mundo? Como fazer uma revolução? Como fugir do comodismo?
Não sei a resposta. /Comofas?

Na impossibilidade de mudar o mundo, vamos mudar a nossa universidade, ou pelo menos a nossa faculdade? Ou na impossibilidade de mudar, vamos pelo menos tentar ?

domingo, 10 de maio de 2009

Mais do menos

É preciso que nos sintamos parte de um grande projeto. E necessário que nos enxerguemos, sim, situados em um cenário de troca de opiniões, vivências e ideias: a Universidade, que possui imenso poder de influência na ação dos promotores de mudança, que somos inevitavelmente nós, ou a quem o futuro pertença. É pena que confundamos tanto senso de realismo com amadurecimento e cedamos conscientemente, ou ingenuamente, a formas de viver baseadas em sistemas profundamente desumanos e atrasados. É desse modo que desperdiçamos nossas potencialidades e matamos o fôlego, que ainda temos com facilidade, saindo de cena sem exercer qualquer tipo de contribuição para o ambiente que compomos.

É viável que façamos uso da oportunidade de estar onde estamos, para construir ideais que se tornarão, em breve, realidades. Aquilo que povoa nossas mentes pode passar à frente dos nossos olhos, é real! Não apenas sonhos farão com que isso seja possível, mas planejamentos concretos, estudos, análises e metas que, dia após dia, nos permitirão construir uma nova rotina.

A ideia é bem maior do que uma loucura, não é apenas transformar, é reconstruir! Não trata-se de uma teoria que nega o sistema apenas por espírito de rebeldia sem um motivo aparente. Olhe para nós, para o que habita nossas expectativas e sonhos: o fato é que somos todos extremamente carentes de um modelo diferente de vida, de uma liberdade indefinível, de novas referências, novas maneiras de estabelecermos nossos vínculos e poder dar a eles o valor que realmente possuem, incondicionalmente. Estamos sedentos por uma nova realidade, mas às vezes não conseguimos força para expressar essa sede, por não buscarmos os meios de fazê-lo ou por ser bastante confortável, dependendo da posição que se ocupa.

Maravilhosos e verdadeiros clichês: É tão mais conveniente sub-existir a uma estrutura "bem fundamentada", que é presente, e permanecermos na inércia dos dias que temos sem nos preocuparmos com problemas tão conhecidos nossos, ainda que estatisticamente, como a REALIDADE da fome e da corrupção, por exemplo; É tão mais fácil encontrar brechas para criticar do que para cooperar.

Subamos!

Vençamos inclusive as falsas teorias e mitos de que tranformar está obrigatoriamente ligado a discursos grandiloquentes e revoluções da noite pro dia. Esse preconceito tatuado de que mudar é atitude (exclusiva) de radicais e inconformados-sem-causa nos impede de acreditar nesse há-de-vir que pode, simplesmente, ser qualquer coisa. Qualquer coisa que dependará de inúmeros, infinitos fatores, dentre os quais muitíssimos estão diretamente dependentes do que faremos como geração que tomará as rédeas do cotidiano do mundo.

Bem, cada qual sabe o que é latente dentro de si, e cada um grita da maneira que lhe é viável. Eu grito, consciente do pouco que consigo passar de pulsante em letras desbotadas como estas, e em leituras desinteressadas e soberbas como as que exercemos milhões de vezes com relação ao que nos rodeia. Mas penso que toda tentativa é válida, e nesse ponto o discurso se assemelha a uma proposta de salvação que sai da boca dos sábios: mais um mito tolo que temos que derrubar.

A temática da transformação e de que modo ela é viável tem invadido nossas mentes e aulas, constantemente. Muito provavelmente (tomara) não deixará de invadir. É um bom caminho (opinião de quem fala) que paremos de resistir ao tema e passemos a refletir, inclusive de maneira racional e objetiva, sobre ele.

Respirando um pouco, e torcendo pra que encaremos estes dramas como urgências, deixo uma dica de obra que, com certeza, nos enriquece quanto a este assunto: o documentário Zeitgeist Addendum. Com certeza, essa produção merece nossa atenção, pois demonstra como é presente e real a existência de pessoas, grupos e projetos que se empenham em prol da retórica do social e de um novo ser-estar que queremos construir, justamente por termos consciência de que, absolutamente, não chegamos ao cenário que corresponde sequer a uma amostra das nossas expectativas. O vídeo, que é chocante, está todo no YouTube, e vale pelo crescendo de informações a que nos expõe e confronta, precisamos de ir adquirindo esta bagagem. Para os que estão dispostos a acreditar nisso que falo, sei que o convite se faz uma oportunidade.


Abramos as portas para o que resta de vontade. É hora.


www.youtube.com/watch?v=RtIOl11GKdU

sábado, 9 de maio de 2009

Petição para esses que já se renderam

Àqueles que não se cansam de se indignar, minhas salvas. Poderia aqui escrever um texto que contestasse suas várias atitudes, como esses gostam de fazer, mas entre esses e aqueles, prefiro aqueles, os que pensam que mudarão o mundo. Se sou como tais, não importa. Só importa o que direi a esses: calem-se. Não frustrem aqueles que diligentemente não se conformam, não desacreditem os que tem convicção de que são capazes, não ofusque os que, cegos, tentam fazer alguma coisa.
Não me digam que vocês serão chefes de redações de algum jornal sensacionalista ou donos de uma agência de publicidade. Parabéns a vocês (sem ironias). Corram pelo que é seu se as suas metas são encher-se de dinheiro, não acreditar no mundo, guardem toda sua sina pra você.
Calem-se, muitas pessoas vão querer ouvi-los (conformadas como vocês) nos seus jornais, lá vocês poderão dizer todos seus dogmas morais e serão acalentados pela maioria – e gostaria de desdizer Nelson aqui, a maioria não é burra, ela é só conformada (e juro, não acho que isso seja mal! É uma escolha, oras!) – mas, ademais, não desdigam aquele que trabalha por outro prol. Saiam juntos, aos bandos, amassem todo o barro que será digno de vocês. Chamem-me pra sair quando disserem o que pensam sobre o mundo, quero estar também, isso eu acho legal! Mas não frustrem aqueles que sonham. Não acabem com um discurso construído amiúde, com labor. Não se metam a dizer que não vai dar certo usando seu linguajar bombástico – ainda que saibam que não irá – pois essa é justificativa dos acomodados.
Não me falem de méritos, de quem suou a camisa pra chegar lá, isso não importa. Todo mundo fez o que suas condições (psicológicas, financeiras, ideológicas, etc.) lhe impeliram a fazer. [Não sei ainda qual é a honraria em ser da artilharia do exército porque batalhou (não existiria outra palavra melhor) para tanto, se sua finalidade é matar pessoas e socar uma cultura sob o juramento sofismável de uma bandeira, mas isso é outra coisa (ou não)].
Se suas escolhas são só suas, em seu proveito, elas não interessam a ninguém. Soquem elas no seu ego e deixe ar para os que respiram também. Se você está cagando para o que os outros fazem, não os impeça de fazer, viva na sua redoma e cale-se. Nada tenho contra os acomodados, só contra os acomodados militantes.

Maurício Campos

terça-feira, 5 de maio de 2009

Hipocrisia

Olá galera, estou postando um videozinho meio trash escolar, mas o objetivo é a reflexão: será que há alguma maneira de não ser hipócrita? Porque na minha opinião todos somos, querendo ou não. "Reflitão!"





http://www.youtube.com/watch?v=nmtx4Q-vw5Q


Por Bárbara de Pina Cabral